Refletindo sobre a Jornada da Vida: Uma Perspectiva Pessoal aos 74 Anos | TV Aracaju The Mobile Television Network

À medida que atinjo a marca dos 75 anos, uma jornada que começou como um passeio tranquilo aos 40 anos se desdobrou em uma narrativa repleta de reviravoltas, lições e, acima de tudo, o calor inestimável do amor e apoio dos meus três filhos.   Quando o...

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Refletindo sobre a Jornada da Vida: Uma Perspectiva Pessoal aos 74 Anos

Publicado por: admin
15/12/2023 09:06 PM
Cortesia Editorial Pixabay/iStock
Cortesia Editorial Pixabay/iStock

À medida que atinjo a marca dos 75 anos, uma jornada que começou como um passeio tranquilo aos 40 anos se desdobrou em uma narrativa repleta de reviravoltas, lições e, acima de tudo, o calor inestimável do amor e apoio dos meus três filhos.

 

Quando olho para trás, parece que foi ontem que eu estava na casa dos 40 anos, vivendo uma vida que muitos invejavam. A carreira de apresentador de TV me proporcionou viagens incríveis, romances apaixonados e a satisfação de criar uma família amorosa com três filhos saudáveis.  Eu passeava na praia com os três ainda pequenos ensinado-os, a correr no modo militar, cantando 1234 e eles respondiam 4321. A vida parecia um eterno passeio tranquilo. Nesse auge, a ideia de visitar médicos ou considerar minha saúde era relegada a segundo plano. Eu era um homem de vigor, invencível aos desafios que a vida pudesse apresentar. A sensação é que a vida levou uma eternindade até os 40, mas daí em diante, o cronômetro andou muito rápido.

 

Nunca me preocupei muito com a saúde. Minha vida era um bloco de prazer. Afinal, eu me sentia invencível. A genética favorecia minha virilidade, e eu levava uma vida agitada sem sequer considerar as consequências a longo prazo. A ideia de visitar o médico era estranha para mim; eu nunca precisava de cuidados médicos, pelo menos até atingir a marca dos 60 anos quando o alarme soou. A alimentação irregular, rica em alimentos ultraprocessados e refrigerantes, continuou como um hábito arraigado. Eu era o retrato da imprudência, acreditando que a saúde era um dado adquirido. Ledo engano.

 

O diagnóstico de diabetes foi como um sinal que eu ignorei. Acreditava que podia superar qualquer obstáculo sem mudar meu estilo de vida. Ignorava os conselhos sobre alimentação saudável, me entregando aos prazeres dos alimentos não recomendáveis. Eu era um homem que vivia o presente, sem considerar as implicações futuras.

 

Aos 73 anos, o choque veio de maneira avassaladora com o diagnóstico de um linfoma Não Hodgkin. A realidade, que eu escolhi ignorar por tanto tempo, agora se manifestava de forma inescapável. As habilidades que antes eram tão naturais para mim foram drasticamente reduzidas. As viagens, os romances, a vida agitada que eu tanto valorizava tornaram-se lembranças distantes. O tapete foi puxado debaixo dos meus pés, e a vida que eu conhecia começou a se transformar. As habilidades que me eram tão naturais foram reduzidas, e a independência que eu prezava foi comprometida.

 

No entanto, em meio a essa tempestade de desafios de saúde, emerge uma luz reconfortante e poderosa: o apoio incondicional dos meus filhos. Eles não apenas oferecem carinho e amor, mas também se tornaram os pilares essenciais da minha jornada de recuperação.

 

Hoje, me vejo em uma posição em que as limitações impostas pelas doenças afetam minha independência. A mobilidade reduzida e as demandas do tratamento limitam minha capacidade de realizar as atividades que antes eram tão simples. É como se a vida tivesse dado uma guinada inesperada, me forçando a reavaliar tudo o que considerei garantido.

 

Esta jornada de reflexão me ensinou lições valiosas. A importância do autocuidado tornou-se evidente tarde demais. Se pudesse voltar no tempo, teria adotado uma abordagem mais equilibrada em relação à minha saúde, valorizando tanto o bem-estar físico quanto o emocional. A negligência em relação à alimentação e ao exercício agora se apresenta como um custo alto demais.

 

A mensagem que compartilho é simples, mas vital: a vida é frágil, e nossa saúde é um tesouro precioso que muitas vezes subestimamos. É fácil acreditar que somos imunes às consequências de nossas escolhas, mas a realidade pode se manifestar de maneira abrupta e implacável. Cuidar de si mesmo é um investimento no futuro, um ato de amor próprio que colhe benefícios ao longo do tempo.

 

A presença constante dos meus filhos tem sido um bálsamo para as dores físicas e emocionais. Seja acompanhando-me em consultas médicas, oferecendo suporte financeiro para despesas médicas ou, simplesmente, compartilhando momentos de risos e histórias, eles são minha âncora nesta tempestade imprevista.

 

A verdadeira riqueza da vida se manifesta nos gestos de cuidado e na generosidade dos meus filhos. Suas ações falam mais alto do que qualquer palavra. A família tornou-se não apenas um sistema de apoio, mas uma fonte constante de amor e esperança.

 

A mensagem que deixo, impregnada de gratidão, é que a força de uma família é imensurável. A jornada de enfrentar doenças é mais suportável quando compartilhada. Os filhos, com seu carinho, amor e apoio prático, transformam a adversidade em oportunidade de crescimento e conexão.

 

À medida que encaro as limitações impostas pelas doenças, encontro consolo na ideia de que minha história pode servir como um lembrete para outros. Valorizem a saúde, busquem equilíbrio e estejam conscientes das escolhas que moldam o futuro. A vida é uma jornada repleta de surpresas, e cada decisão conta. Que minha experiência seja um chamado à reflexão e ação, incentivando todos a cuidar do seu bem mais precioso: a própria saúde.

 

Mas repito, a presença e o apoio dos meus filhos são a bússola que orienta meu caminho. O futuro é incerto, mas o presente é preenchido com a certeza de que, independentemente do que aconteça, não estou sozinho. Que a história da minha jornada sirva como um testemunho do poder transformador do amor familiar e como uma lembrança de que, em meio às tempestades, o calor dos laços familiares é a luz que guia nosso caminho.

 

Esta é uma história real e acontece para muitos em maior ou menor grau. Reflita sobre isso!

 

Por Ronaldo Santos

Conteudista da The Mobile Television Network

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